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Boqueirão, jardim piscina da CASACOR Piauí, destaca a trajetória humana

Projetado por Marina Campanhã e executado por João Druída, ambiente resgata os históricos boqueirões da Serra e exalta a vegetação da caatinga

Por Redação
2 jul 2024, 11h10

A partir de uma série de reflexões sobre legado e ancestralidade, foi desenvolvido o conceito do jardim piscina da CASACOR Piauí 2024, projetado pela arquiteta Marina Campanhã. O Parque Nacional Serra da Capivara inspirou o nome do ambiente: Boqueirão, uma referência aos boqueirões da Serra que abrigam diversas pinturas rupestres e achados históricos.

O paisagismo exalta a vegetação característica da região ao preencher os 300m² do ambiente com as belezas e singularidades da caatinga, como as carnaúbas, cactos palma, patis, samambaias do mangue, xananas e macambiras, além dos pedriscos típicos da região utilizados como forração dos canteiros. Inserida no jardim, uma escultura de ferro feita pelo designer Bruno Andrade, recepciona os visitantes e remete a uma ampulheta do tempo, que marca a trajetória da humanidade.

Marina Campanhã - Boqueirão. Projeto da CASACOR Piauí 2024.
Marina Campanhã – Boqueirão. Projeto da CASACOR Piauí 2024. (Victor Eleuterio/CASACOR)

O espaço forma uma linha do tempo, que vai desde o âmago da ancestralidade com a piscina praia natural biológica, que representa o mar que cobria o sertão há milhões de anos, até o Boqueirão, que exalta a história brasileira. O Boqueirão foi executado pelo cenógrafo João Druída, que utilizou a técnica vernacular artística Massaroca para cobrir e moldar uma estrutura metálica autoportante, assim como os pilares em formato de árvores secas da caatinga no período da estiagem.

Marina Campanhã - Boqueirão. Projeto da CASACOR Piauí 2024.
Marina Campanhã – Boqueirão. Projeto da CASACOR Piauí 2024. (Victor Eleuterio/CASACOR)

O espelho representa um portal que “leva o visitante a uma outra dimensão”, diz a arquiteta. Ele foi concebido por uma estrutura metálica treliçada e envolvida por uma tela de galinheiro, depois revestido por tecidos reaproveitados de algodão e sacos descartados de cebola, para, posteriormente, receber a massaroca. Dessa forma, a estrutura se tornou oca e mais leve e necessitou de menos material para vedação — uma preocupação da arquiteta com a sustentabilidade.

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Marina Campanhã - Boqueirão. Projeto da CASACOR Piauí 2024.
Marina Campanhã – Boqueirão. Projeto da CASACOR Piauí 2024. (Victor Eleuterio/CASACOR)

Nas paredes, foram aplicadas esculturas da artista plástica Fátima Campos, que representa as casinhas de maribondo encontradas nas rochas do parque. O layout contempla um aparador com uma instalação com peças também da artista, intitulada Altar, que apresenta esculturas de cabeças e um pé elementos representantes da caminhada do ser humano.

Marina Campanhã - Boqueirão. Projeto da CASACOR Piauí 2024.
Marina Campanhã – Boqueirão. Projeto da CASACOR Piauí 2024. (Victor Eleuterio/CASACOR)

Na praia, é possível observar esculturas que representam o período carbonífero, onde os ovos passaram a ter uma membrana mais rígida, possibilitando o surgimento de espécies que puderam viver exclusivamente em ambientes terrestres.

Marina Campanhã - Boqueirão. Projeto da CASACOR Piauí 2024.
Marina Campanhã – Boqueirão. Projeto da CASACOR Piauí 2024. (Victor Eleuterio/CASACOR)

Aarte contemporânea predomina no mobiliário: o curvo mantém a fluidez do layout e conecta a modernidade aos elementos ancestrais. Por isso, o pergolado é a pausa do relaxamento, com uma rede com fios de tucum elemento forte das moradas nordestinas —, que se contrapõe aos spas tecnológicos. Mas a arquiteta ressalta: “É importante estar no presente sem esquecer o futuro”. Para representar esse pensamento, a trilha sonora do ambiente foi criada a partir de recursos de Inteligência Artificial (IA).

Marina Campanhã - Boqueirão. Projeto da CASACOR Piauí 2024.
Marina Campanhã – Boqueirão. Projeto da CASACOR Piauí 2024. (Victor Eleuterio/CASACOR)

As pedras esculpidas pela ação da água e do vento  inspiraram a arquiteta a levar o “mar” para o jardim piscina da CASACOR Piauí, junto a um gazebo curvo, que representa as formas orgânicas e fluidez da arquitetura da natureza. “Ele representa a morada dos nossos ancestrais, que se abrigavam e se sentiam seguros e acolhidos nas cavernas. Por isso, suas dimensões possuem escalas que trazem esse abraço na percepção do espaço”, conta a arquiteta Marina Campanhã.

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